Wednesday, March 28, 2007

Cuba e Seu Povo... Quando a Resistência Incomoda.

A pobreza, mesmo quando imposta, não impede a felicidade.
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Dedico esta publicação ao meu amigo arquiteto Alexandre Oliveira.
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Surpreendido com o conteúdo da reportagem “O Sonho de Cuba Acabou”, matéria de capa de Domingo 25.02.07 do Jornal do Brasil, Pedro Mosquera, embaixador de Cuba no Brasil enviou carta ao diretor de jornalismo Augusto Nunes, contestando o clima de desencanto e ironia mostrado na reportagem, e aproveitando para falar das condições de vida conquistadas pelos cidadãos cubanos e da imagem guerreira que Fidel tem, junto à população cubana.

“Brasília, 26 de fevereiro de 2007

Senhor Augusto Nunes,
Diretor de Jornalismo,
do Jornal do Brasil.

Prezado Senhor:

Li com surpresa o artigo sobre Cuba publicado ontem (25), Domingo, no Jornal do Brasil, assinado por Clara Cavour, no qual se anuncia outro artigo também sobre meu país para hoje, segunda-feira. Digo que o li com surpresa, porque até agora o Jornal do Brasil tinha se referido ao meu país com certa objetividade, mediante artigos de muito boa qualidade, escritos por personalidades de elevado calibre intelectual.
O artigo de ontem, no entanto, está lotado de falsidades, insinuações, manipulações e má vontade.
Muito me estranha que se publiquem sobre Cuba artigos desse tipo, porque conheço que o governo dos Estados Unidos da América dispõe de 80 milhões de dólares para financiar uma campanha de mentiras, manipulações e descrédito contra meu país, sobretudo na América Latina. Também é muita casualidade que se publiquem estes artigos, dirigidos a agradar ao império, quando faltam poucos dias para a visita ao Brasil do Imperador Bush II.
O que Cuba sofre, e disso pouco se fala no artigo de Clara Cavour, é um criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro por parte dos Estados Unidos, que custou ao povo cubano mais de oitenta milhões de dólares; e que lhe impede de receber créditos de instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O que Cuba sofre, é uma permanente política de hostilidade e agressões por parte da única superpotência de nossos dias; da introdução deliberada de doenças contra as pessoas, os animais e as plantas, que causaram consideráveis perdas; e de atos terroristas que custaram a meu país mais de cinco mil vítimas entre mortos e feridos.
O que Cuba sofre – e disso também não fala o Jornal do Brasil - é de ter cinco de seus filhos presos injustamente em cárceres dos Estados Unidos, por lutarem contra o terrorismo.
O que Cuba não tem, são meninos pedindo esmolas nas ruas, para poder viver normalmente.
O que Cuba não tem, são meninos obrigados a fazer trabalho infantil, e às vezes em condições de escravidão, para poder ajudar no sustento familiar.
O que Cuba não tem são meninos que morrem de doenças curáveis; nem meninos que não podem freqüentar escolas; nem pessoas analfabetas; nem famintos, nem mortes de pais desesperados pela miséria e pelas condições infra-humanas que são obrigados a suportar a cada dia.
O que Cuba tem é muita dignidade e inteireza.
O que Cuba tem é um PIB que, em 2006, cresceu 12,5% sendo o que mais cresceu na América Latina.
O que Cuba tem é uma população que vive com dignidade, e que recebeu no ano passado 29 milhões de utensílios e aparelhos eletrodomésticos, como parte de um programa integral de poupança de energia.
O que Cuba tem são 110 mil novas moradias para a população, construídas no ano passado.
O que Cuba tem é um sistema educacional com 88.049 computadores, deles, 34.846 com acesso à internet, que 2.482.862 estudantes utilizam.
O que Cuba tem são 880 mil graduados universitários, deles, oito mil doutores.
O que Cuba tem são 67 universidades, com uma matrícula atual de 606.300 estudantes.
O que Cuba tem é uma taxa de alfabetização de 99,8 por cento.
O que Cuba tem é um sistema de saúde que conta com 70.594 médicos, 10.554 estomatólogos, 2.753 enfermeiras e 94.286 técnicos e auxiliares, para uma população de 11,2 milhões de habitantes.
O que Cuba tem é uma mortalidade infantil de 5,3 por mil nascidos vivos.
O que Cuba tem é uma esperança de vida de 77,6 anos para homem e 78,9 para mulheres.
O que Cuba tem, senhor diretor de jornalismo, é um Comandante em Chefe que encarna a dignidade, inteireza, valentia e espírito de resistência de seu povo, frente as agressões do império, as ameaças do imperador, e as falsidades e manipulações de jornalistas mercenários.
Um Comandante em Chefe que soube ganhar-se um lugar junto aos Próceres da Independência da América Latina e do Caribe.
E junto a esse Comandante em Chefe, o que Cuba tem é um povo corajoso e solidário, que trabalha por desenvolver um sistema de justiça social que garanta a dignidade plena para todos; um povo que enviou mais de 30 mil de seus filhos a levar saúde e esperança de vida a mais de cem países do mundo; um povo que soube acolher, como filhos próprios, a mais de 20 mil jovens de todo o mundo, que estudam como bolsistas em suas universidades

Solicito a você, senhor diretor de jornalismo, que se publique integralmente o texto desta carta, para benefício dos leitores do Jornal do Brasil

Respeitosamente,
Pedro Nez Morquera,
Embaixador de Cuba."
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Generosa colaboração do economista Filipe Reis.
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