Wednesday, March 28, 2007

Zélia Gattai

Zélia
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Homens Maduros

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Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos Homens que hoje estão na idade madura.
É claro que toda regra tem suas exceções, e cada idade tem o seu próprio valor.
Porém, com toda a consideração e respeito às demais idades, destacarei aqui uma classe de Homem que são companhias agradabilíssimas:
Os que hoje são quarentões, cinqüentões e sessentões.
Percebe-se com uma certa facilidade, a sensibilidade de seus corações, a devoção que eles têm pelo que há de mais belo: O SENTIMENTO.
Eles são mais inteligentes, vividos, charmosos, eloqüentes.
Sabem o que falam e sabem falar na hora certa.
São cativantes, sabem fazer-se presentes sem incomodar. Sabem conquistar uma boa amizade.
Em termos de relacionamentos, trocam a quantidade pela qualidade, visão aguçada sobre os valores da vida, sabem tratar uma mulher com respeito e carinho.
São Homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar e de viver.
Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.
Homens mais amadurecidos têm maior desenvoltura no trato com as mulheres, sabem reconhecer as suas qualidades, são mais espirituosos, discretos, compreensivos e mais educados.
A razão pela qual muitos Homens maduros possuem estas qualidades maravilhosas deve-se a vários fatores: a opção de ser e de viver de cada um, suas personalidades, formação própria e familiar, suas raízes, sabedoria, gostos individuais, etc...
Mas eu creio que em parte, há uma boa parcela de influência nos modos de viver de uma época, filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram boas recordações da sua juventude, um tempo não tão remoto, mas que com certeza, não volta mais.
Viveram a sua mocidade (época que marca a vida de todos nós) em um dos melhores períodos de nosso tempo: Os anos 60 e 70. Considerados as “décadas de ouro” da juventude, quando o romantismo foi cantado em verso e prosa.
A saudável influência de uma época, provocada por tantos acontecimentos importantes, que hoje permanecem na memória, e que mudaram a vida de muitos. Uma época em que o melhor da festa era dançar agarradinho e namorar ao ritmo suave das baladas românticas. O luar era inspirador, os domingos de sol eram só alegria.
Ouviam Beatles, Johnny Mathis, Roberto Carlos, Antonio Marcos, The Fevers, Golden Boys, Bossa Nova, Marres Albert, Jovem Guarda e muitos outros que embalaram suas “Jovens tardes de domingo, quantas alegrias! Velhos tempos, belos dias.”
Foram e ainda são os Homens que mais souberam namorar: Namoro no portão, aperto de mão, abraços apertadinhos, com respeito e com carinho, olhos nos olhos tinham mais valor... A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor... Outros morreram de amor...
Estes Homens maduros de hoje, nunca foram homens de “ficar”. Ou eles estavam a namorar pela certa, ou estavam na “fossa”, ou estavam sozinhos. Se eles “ficassem”, ficariam para sempre... ao trocar alianças com suas amadas.
Junto com Benito de Paula, eles cantaram a “Mulher Brasileira, em primeiro lugar!”
A paixão pelo nosso país era evidente quando cantavam:
“As praias do Brasil, ensolaradas
No céu do meu Brasil, mais esplendor..
A mão de deus, abençoou,
Mulher que nasce aqui, tem muito mais amor...
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo...
Ninguém segura a juventude do Brasil... sil... sil... sil...”
A juventude passou, mais deixou “gravado” neles, a forma mais sublime e romântica de viver.
Hoje eles possuem uma “bagagem” de conhecimentos, experiências, maturidade e inteligência, que foram acumulando com o passar dos anos.
O tempo se encarregou de distingui-los dos demais: Deixando os seus cabelos cor-de-prata, os movimentos mais suaves, a voz pausada, porém mais sonora. Hoje eles são Homens que marcaram uma época.
Eu tenho a felicidade de ter alguns deles como amigos virtuais, mesmo não os vendo pessoalmente, percebo estas características através de suas palavras e gestos.
Muitos deles hoje, “dominam” com habilidade e destreza essas máquinas virtuais, comprovando que nem o avanço da tecnologia lhes esfriou os sentimentos pois ainda se encontram com versos, rimas, músicas e palavras de amor. Nem lhes diminuiu a grande capacidade de amar, sentir e expressar seus sentimentos. Muitos tornaram-se poetas, outros amam a poesia.
Porque o mais importante não é a idade denunciada nos detalhes de suas fisionomias e sim os raros valores de suas personalidades.
O importante é perceber que os seus corações permanecem jovens... São Homens maduros, e que nós, mulheres de hoje, temos o privilégio de poder admira-los.
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Cuba e Seu Povo... Quando a Resistência Incomoda.

A pobreza, mesmo quando imposta, não impede a felicidade.
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Dedico esta publicação ao meu amigo arquiteto Alexandre Oliveira.
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Surpreendido com o conteúdo da reportagem “O Sonho de Cuba Acabou”, matéria de capa de Domingo 25.02.07 do Jornal do Brasil, Pedro Mosquera, embaixador de Cuba no Brasil enviou carta ao diretor de jornalismo Augusto Nunes, contestando o clima de desencanto e ironia mostrado na reportagem, e aproveitando para falar das condições de vida conquistadas pelos cidadãos cubanos e da imagem guerreira que Fidel tem, junto à população cubana.

“Brasília, 26 de fevereiro de 2007

Senhor Augusto Nunes,
Diretor de Jornalismo,
do Jornal do Brasil.

Prezado Senhor:

Li com surpresa o artigo sobre Cuba publicado ontem (25), Domingo, no Jornal do Brasil, assinado por Clara Cavour, no qual se anuncia outro artigo também sobre meu país para hoje, segunda-feira. Digo que o li com surpresa, porque até agora o Jornal do Brasil tinha se referido ao meu país com certa objetividade, mediante artigos de muito boa qualidade, escritos por personalidades de elevado calibre intelectual.
O artigo de ontem, no entanto, está lotado de falsidades, insinuações, manipulações e má vontade.
Muito me estranha que se publiquem sobre Cuba artigos desse tipo, porque conheço que o governo dos Estados Unidos da América dispõe de 80 milhões de dólares para financiar uma campanha de mentiras, manipulações e descrédito contra meu país, sobretudo na América Latina. Também é muita casualidade que se publiquem estes artigos, dirigidos a agradar ao império, quando faltam poucos dias para a visita ao Brasil do Imperador Bush II.
O que Cuba sofre, e disso pouco se fala no artigo de Clara Cavour, é um criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro por parte dos Estados Unidos, que custou ao povo cubano mais de oitenta milhões de dólares; e que lhe impede de receber créditos de instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O que Cuba sofre, é uma permanente política de hostilidade e agressões por parte da única superpotência de nossos dias; da introdução deliberada de doenças contra as pessoas, os animais e as plantas, que causaram consideráveis perdas; e de atos terroristas que custaram a meu país mais de cinco mil vítimas entre mortos e feridos.
O que Cuba sofre – e disso também não fala o Jornal do Brasil - é de ter cinco de seus filhos presos injustamente em cárceres dos Estados Unidos, por lutarem contra o terrorismo.
O que Cuba não tem, são meninos pedindo esmolas nas ruas, para poder viver normalmente.
O que Cuba não tem, são meninos obrigados a fazer trabalho infantil, e às vezes em condições de escravidão, para poder ajudar no sustento familiar.
O que Cuba não tem são meninos que morrem de doenças curáveis; nem meninos que não podem freqüentar escolas; nem pessoas analfabetas; nem famintos, nem mortes de pais desesperados pela miséria e pelas condições infra-humanas que são obrigados a suportar a cada dia.
O que Cuba tem é muita dignidade e inteireza.
O que Cuba tem é um PIB que, em 2006, cresceu 12,5% sendo o que mais cresceu na América Latina.
O que Cuba tem é uma população que vive com dignidade, e que recebeu no ano passado 29 milhões de utensílios e aparelhos eletrodomésticos, como parte de um programa integral de poupança de energia.
O que Cuba tem são 110 mil novas moradias para a população, construídas no ano passado.
O que Cuba tem é um sistema educacional com 88.049 computadores, deles, 34.846 com acesso à internet, que 2.482.862 estudantes utilizam.
O que Cuba tem são 880 mil graduados universitários, deles, oito mil doutores.
O que Cuba tem são 67 universidades, com uma matrícula atual de 606.300 estudantes.
O que Cuba tem é uma taxa de alfabetização de 99,8 por cento.
O que Cuba tem é um sistema de saúde que conta com 70.594 médicos, 10.554 estomatólogos, 2.753 enfermeiras e 94.286 técnicos e auxiliares, para uma população de 11,2 milhões de habitantes.
O que Cuba tem é uma mortalidade infantil de 5,3 por mil nascidos vivos.
O que Cuba tem é uma esperança de vida de 77,6 anos para homem e 78,9 para mulheres.
O que Cuba tem, senhor diretor de jornalismo, é um Comandante em Chefe que encarna a dignidade, inteireza, valentia e espírito de resistência de seu povo, frente as agressões do império, as ameaças do imperador, e as falsidades e manipulações de jornalistas mercenários.
Um Comandante em Chefe que soube ganhar-se um lugar junto aos Próceres da Independência da América Latina e do Caribe.
E junto a esse Comandante em Chefe, o que Cuba tem é um povo corajoso e solidário, que trabalha por desenvolver um sistema de justiça social que garanta a dignidade plena para todos; um povo que enviou mais de 30 mil de seus filhos a levar saúde e esperança de vida a mais de cem países do mundo; um povo que soube acolher, como filhos próprios, a mais de 20 mil jovens de todo o mundo, que estudam como bolsistas em suas universidades

Solicito a você, senhor diretor de jornalismo, que se publique integralmente o texto desta carta, para benefício dos leitores do Jornal do Brasil

Respeitosamente,
Pedro Nez Morquera,
Embaixador de Cuba."
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Generosa colaboração do economista Filipe Reis.
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Thursday, March 15, 2007

Heróis Que Não Estão no Big Brother...

Só pra se sentir feliz...
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Chamar entusiasticamente de heróis os participantes do Big Brother, como fez o ex-reporter e atual mamulengo da Rede Globo Pedro Bial, já é faltar demais com o respeito aos milhares de verdadeiros heróis que, no anonimato,
dão uma demonstração do que seremos no futuro, caso sobrevivamos a tanta hipocrisia.
Heroína é a Dra. Vanessa Remy-Picollo, jovem pediatra francesa de vinte e oito anos de idade, que abriu mão do conforto em seu país, para servir na África como voluntária do programa Médicos sem Fronteiras.
Ela que nos relata que cansou de atender crianças que com um ano de idade pesavam em torno de 3,6 kg, que corresponde ao peso de um recém-nascido.
Heroína que relata que muitas mães chegam até ela dizendo que levaram os alimentos doados para casa, mas que seus filhos parecem que desaprenderam a se alimentar e se recusam a abrir a boca.
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Sugestão de texto: Cristiano Felipe Vasconcelos Freire

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Sunday, March 11, 2007

Dom Helder Câmara

Alterações na foto: Rodolfo Vasconcellos
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Ele sabia que não viria nenhuma ajuda lá do alto; que seu brilho era próprio... mas teve complacência com seu povo: começou a mostrar-lhes que só eles mesmos, individualmente, poderiam produzir as devidas mudanças.
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Friday, March 09, 2007

Oscar Niemeyer

Cem anos sem perder o "prumo".
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Passou sua juventude como um jovem carioca típico da época: boêmio, sem a menor preocupação com os rumos de sua vida. Concluiu o ensino secundário aos 21 anos, mesma idade com que casa com Annita Baldo, filha de imigrantes Italianos da província de Pádua, com quem teve somente uma filha Anna Maria Niemeyer. Niemeyer tem cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos.
Após o casamento decide trabalhar e continuar seus estudos. Começa a trabalhar na oficina
tipográfica do pai e entra para a Escola Nacional de Belas Artes, de onde sai formado como engenheiro arquiteto em 1934. Na época passava por dificuldades financeiras, mas mesmo assim decidiu trabalhar sem remuneração no escritório de Lucio Costa e Carlos Leão. Ele se sentia insatisfeito com a arquitetura que via na rua e acreditava poder encontrar respostas a suas dúvidas de estudante com eles.
Em
1945, já um arquiteto com algum nome, filia-se ao PCB. Niemeyer era um menino na época da revolução russa, um jovem idealista durante a Segunda Guerra Mundial e viveu nos auges da Guerra Fria. Sempre foi um forte defensor de sua posição como stalinista. Em 1946, convidado a dar um curso na Universidade de Yale, nos EUA, tem seu visto de entrada cancelado. Em 1947, obtida a permissão de estada nos Estados Unidos, viaja a Nova Iorque para desenvolver o projeto da sede da ONU. Em 1964, viajando a trabalho para Israel, é surpreendido pela notícia do golpe militar no Brasil. Retorna ao país em novembro, quando é chamado pelo DOPS para depor. É nomeado membro honorário da Academia Americana de Artes e Letras e do Instituto Nacional de Artes e Letras. Diria, mais tarde: " Mas durante a ditadura, tudo foi diferente. Meu escritório foi saqueado e o da revista Módulo, que dirigia, semi-destruído. Meus projetos pouco a pouco começaram a ser recusados." - "Lugar de arquiteto comunista é em Moscou ", desabafou um dia à imprensa o Ministro da Aeronáutica. " Visitou a União Soviética, teve encontros com diversos líderes socialistas e foi amigo pessoal de alguns deles. Fidel Castro teria dito a respeito dele: "Niemeyer e eu somos os últimos comunistas deste planeta". Em 1970, em protesto contra a guerra do Vietnã, desliga-se da Academia Americana de Artes e Ciências. Em 1996, projeta o Monumento Eldorado Memória, doado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra.Em 2000, no Rio de Janeiro, é lançado o documentário "Oscar Niemeyer um arquiteto engajado em seu século", do cineasta belga Marc-Henri Wajnberg. Em 2001 recebe a Medalha da Ordem da Solidariedade do Conselho de Estado da República de Cuba, a Medalha do Mérito Darcy Ribeiro do Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro, o Prêmio UNESCO 2001, na categoria Cultura e os títulos de Grande Oficial da Ordem do Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral, do Ministério da Educação do Chile e de Arquiteto do Século XX, do Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil.
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Ariano Suassuna

Brasileiro, paraibano, pessoense, taperoaense.
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"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa".
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"Eu sofri muito por amor. Eu sou feio desde menino, isso aí justiça seja feita à velhice, não é culpa da velhice, eu já era feio menino. Ao mesmo tempo que era feio, eu era apaixonado pela beleza, não queria namorar com gente feia não, só me servia mulher bonita, e as mulheres bonitas não me queriam, eu era feio demais. Resultado, sofri demais nesse tempo, muito mesmo, eu conversava com as moças por quem me apaixonava, quando elas sabiam que eu estava namorando com elas, elas acabavam… (Risos) A gente hoje acha graça, mas foi muito ruim, foi muito ruim, isso foi muito. Tanto na infância como na adolescência, como na adolescência como na juventude. Quem me curou disso foi minha mulher, porque foi a única que eu encontrei que era bonita e que me quis foi ela, depois daí eu não sofri mais por amor, foi tudo bom. Mas, eu estava dizendo, uma das conquistas da velhice, a velhice tem aquelas coisas ruins, mas tem uma coisa boa também, eu hoje estou vivendo uma serenidade como eu nunca tinha tido, nunca me senti assim tão sereno, eu era muito duro, quando jovem. Era duro comigo e por isso eu me sentia no direito de ser muito duro com os outros, hoje eu tenho uma reflexão muito maior, uma tolerância e como decorrência disso uma serenidade."
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